Saudades da minha Bahia
As águas do mar do meu lugar,
São claras, límpidas e infinitas.
Ah as águas de lá...
Eu nasci aqui,
Criei-me entre cá e lá,
Já vivi em tanto lugar,
Atravessei canais,
Pisei em neves,
Saltei ao vento,
Mas nada é como o mar,
O mar cristalino do meu lugar.
Lá o Sol é manhoso,
Dengoso,
Beija-nos o corpo,
Derrama-se no mar.
E o tempo não corre,
O Tempo não voa,
Ele desliza sereno por lá.
E o caminhar do povo,
É um caminhar charmoso,
Ao sabor da brisa,
Que é lânguida, mansa
Suave ao nos tocar.
Hum e as frutas...
Ah as frutas...
A seriguela doce,
O sumo do jambo,
O sabor do cajá.
Enche-me a boca das águas todas,
Só em imaginar.
E o corpo serpenteia,
Na levada do timbau,
Na batida dos tribais.
E como encanta a ginga morena,
A cadência negra,
Que eles expressam ao dançar.
Lá a lida é pesada,
Também existe a pobreza doida,
Mas é tanta beleza,
É tanta magia,
Não há mazelas, capaz de ofuscar.
Que saudades que tenho,
Do meu Salvador,
Da amada Bahia,
Da minha família,
Mercado Modelo,
Elevador Lacerda,
Querido Pelô,
Bendito Terreiro.
Ah Praça Castro Alves...
Hei de voltar.
Terra de Caymi, de Gil e Caetano,
De Gal e Bethânia,
Do bom Jorge Amado e suas estrelas:
Tieta, Gabriela e meus camaradas.
Do cacau, do acarajé e do muncuzá.
Tem igreja banhada de ouro,
Tem a igreja do Rosário,
Onde as missas nos fazem chorar.
Tem o carnaval de Dodô e Osmar,
Tem o abada.
Tem um cheiro mainha,
Um dengo painho,
Um venha cá meu rei,
E toda aquela manha baiana em falar.
Não é que eu não ame,
Nem enxergue as belezas de cá.
Mas é que a Bahia é amante do Sol,
Vestida de Lua,
Ela seduz, ela enfeitiça...
Terei que voltar.