ANDRAJOS
Em bandos, passaredos
Fazenda de aromas suaves
Sabias, canários, azulões
Inicia-se a cantoria matinal
Revira-se na cama macia
Extraordinários segredos
No cantar destas aves
Lembranças das paixões
Criança, instinto maternal
Delicada e sentimental cria.
Abandonada ao próprio destino
Apenas uma frágil criatura
Sentindo na pele a agonia
Desesperança duma vida
Sem amor,
sem grandes aspirações
Triste e pobre menino
Desprovido de ternura
Desconhecendo a alegria
Identidade opaca, comovida
Sem razões para sobreviver
Pobre ser, pobre vida...