POETAS BRASILEIROS

Poetas são aves, passarinhos,

Fazem saudações à linguagem.

Os poemas são ovos postos

E dependem do tempo de choco.

Escrevo linhas e entrelinho,

Há época propícia ao fulgor das penagens,

Escrevo , às vezes, como sob encosto,

Talvez porque em meu dentro sou oco.

Jactâncias nas reentrâncias do ser tão

Afeito a mandacarus, cactos, graúnas;

Fragrâncias nas instâncias de Pã paliçado

Pelas araucárias e gramados do coração;

Pujança que ama zonas francas e perfuma

O cerrado lupino-guará de noites estreladas.

Atlântico, oculto sob pantanais de jacarés,

Meu cocar, tecido em matas de cocais,

Tornam-me forte e inabalável a fé,

Como se todo eu fosse Minas Gerais.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 19/09/2018
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