Banho no riacho

Passando em um pé de serra

Avistei uma casa amarela

Em riba de uma pedreira

Não controlei a curiosidade

Subi com dificuldade

Para ver quem morava nela

Uma pessoa de coragem

E que queria se isolar

Maior foi a minha surpresa

Quando me deparei com Teresa

A dona daquele lugar

Uma caboca faceira

Simples mas inteligente

Que sabia a sua beleza valorizar

Parecia uma cigana

Com os olhos da cor da mata

Sorrindo pra cativar

Foi logo me oferecendo

Uma talagada de pinga

E dizendo pode sentar

Sentei em um tamborete

Ela deitou-se em uma rede

E começamos a prosear

Ela foi me contando

Que teve uns desenganos

E resolveu se isolar

E ali fez sua casa

No meio da bicharada

Ouvindo os pássaros cantar

Tomamos outra lapada

Êita pinga malvada

Aí ela foi buscar

Um cigarro de palha

E começamos a pitar

E o dia foi se aquietando

A noite foi chegando

E a caboca jogando

Laço para me pegar

E quando a lua saiu

Ela insistiu

Vamos ao riacho banhar

Levamos a garrafa de pinga

E tira-gosto de língua

E banhamos até o dia clarear

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 23/01/2019
Código do texto: T6557532
Classificação de conteúdo: seguro