Camaleão

A alameda frondosa, vazia e silente,
do Campo Santo, recebia o novo inquilino...
Ele chegou sisudo, frio e carente.
Não cumprimentou ninguém no destino.

Antes de arriar na tumba o conjunto,
ele foi saudado com vigor num belo texto
e saudosas lágrimas carpidais, nesse contexto...
Flores, lágrimas e o orvalho da manhã, juntos

abrilhantaram às últimas palavras de adeus...
Ele ocupou seu espaço, iniciou sua decomposição,
e coerente com a situação, um silêncio sibilino.

Ele cumpria o rito do seu retorno ao pó
e o fazia só, no compasso inverso da vida,
ao invés da prazerosa fase da concepção...