ANJO MARCADO

Posso falar tudo que perpetua-se na minh'alma;

Mostrar-me vislumbrado no desejo de sentir;

Palavras que se cruzam no anoitecer em tardes;

Ao som das cigarras a barulhar anúncios;

Do chegar ao fim para o adentrar da noite.

Oh! como sinto-me feliz;

No palco desta vida infeliz;

Que habita n'alma as luzes;

Da ribalta em terra plena em mim;

Porque estou sempre contente;

Numa estranha mesa, no meio dela...

Parado como tábua de bater;

Feliz! Alegre! Contente!

Eu quero a mim;

Quem diz que não se quer;

É porque mente para o tudo.

Ah! se tudo for tão triste;

Digo pelos que deixaram-me...

Não são meus, são teus, vossos,,,

Mundo que nem eu quero ter;

Por não haver luz.

Os meus caminhos de longe;

Vejo-os na saudade das estradas;

Labirintos de areia e sal;

Em que posso ser se não eu mesmo;

Distante habitante d'alma;

A ilusão da poesia;

Que ao ser declamada;

mostra-se em metáforas: Risos!

Quão feliz sou;

Infinitivamente eu posso;

E, assim, perpassar pelos campos;

Permitindo-me ao encontro;

Do viver sempre feliz;

Por causa de se estar;

Na andança da vida;

Num baile em movimento;

Em amor, os beijos dos pássaros...

Voarei sempre por mim, e irei...

Vivido! Cálido!

Nessa estranha partida.