A despedida do Palhaço
Eu não sei se tudo isso adianta,
A voz cada vez mais embargada,
Um choro trancado na garganta,
Sento e vejo a vida, sentado na calçada.
Carros e pessoas passam,
Uns apressados e outros cordiais,
Vidas que se ‘arrastam’,
Dúbios e apenas meros mortais.
Mãe, eu só quis teu colo,
Nesses dias que tentei chorar,
Mas escolhi a vida solo,
Pra ninguém ver o meu penar.
Pai, eu só quis teu apoio,
E ao seu lado na vida vencer,
Magoei-te num pedido de ‘socorro’,
Que o senhor não soube me entender.
A vida era pra estar começando,
E tudo encaixando em seu devido lugar,
Mas o peito em mudo pranto,
Sinto que meu corpo está a definhar...
Assim saio da vida aos poucos,
De forma um pouco deprimida,
Como hígido em casa de loucos,
Preparo-me para minha saída...
Aos que se lembrar de mim,
Fica a minha gratidão,
Perdoe por escrever assim,
Como um frio e sutil clima de solidão.
Esses infelizmente são meus últimos dias,
E não são dos mais belos da minha vida,
São noites escuras e frias,
Como labirintos sem saída...
Para Deus entrego meu espírito,
Pedindo perdão por meus pecados,
Apenas segui os meus extintos,
Fossem eles certos ou errados...
Despeço-me da vida,
Como o palhaço que sai de cena,
Que percebe o que não entendia,
A piada na verdade era sua história, uma pena.
Enquanto arrancaste muitos sorrisos,
Meu coração por dentro chorava,
Esperando apoios omissos,
Daqueles que tanto eu amava...
Despeço-me da vida com tristeza,
De não ter construído nada,
Levo no peito apenas a beleza,
De ter percorrido a estrada.
Estrada essa que chega ao fim,
E acaba sem sentido,
Pobre de mim,
De mim acabei desistindo...
Adeus...