NÃO, À TRANSPOSIÇÃO DO VELHO CHICO.

Vou andar pela alameda,

Pés descalços,

Sem eira nem beira.

Aspiro poeira,

Cabelos esvoaçantes,

À tarde inteira,

E eu vacilante...

Ouço canções, que vêm do céu,

Magos andando de déu em déu,

E o capiau tira o chapéu,

Pra mística procissão

Que pede chuva,

Cantarolando a música do menestrel.

Cai chuva,

molha essa aridez...

A seca mata de fome,

Tira o orgulho do homem,

Cabisbaixo ele não come,

Por que não tem o que comer.

Crianças de pés descalços,

Sem dinheiro pra comprar sapatos,

Pisam em secos estrumes,

Estrumes seculares,

Quando a chuva trazia fartura,

Quando as nuvens escuras,

Esvaziavam seu líquido rico,

Enchendo o manancial.

Concluí o meu passeio,

Nem burros, nem éguas,

Para o arreio,

Nem chuva ou enchente,

Para o campo árido, doente,

Só a mansidão dos urubús,

Pra tristeza dessa gente descrente.

Procurem outra solução sem risco,

Não, à transposição do velho chico!