Manancias
As águas dos nossos rios estão secando,
Sussurrando segredos que o vento carrega,
Enquanto o sol, implacável, vai queimando,
A vida que a terra, com dor, entrega.
As águas dos mares estão aumentando,
Engolindo costas, alagando destinos,
Gritam as ondas, num lamento alto,
Por terras submersas e sonhos finitos.
Geleiras, em prantos, vão derretendo,
Lágrimas frias que o mundo esqueceu,
A terra treme, de dor se erguendo,
Em clamor silencioso que o homem não ouviu.
Para onde correr, se o mundo se esvai?
Se a natureza chora e pede socorro?
Se o futuro, incerto, diante de nós cai?
Resta a esperança, num novo alvorecer,
Implorar a volta à natureza em breve porvir.