Brasil 510*
®Lílian Maial



Nesses tão poucos anos,
como envelheceste!
 
Tuas formas inda sinuosas,
feito tuas meninas:
enrodilhada e cheia de esquinas.
 
Há mais rugas aparentes,
mais lágrimas e enchentes.

Levaram-te o ouro, a prata e as jóias,
e as únicas pedras são as do caminho.
Nem Drummond te deixou um carinho!
 
Teus nativos vestem ternos,
têm trabalhos subalternos.
Trancam brancos, trocam tiros,
tacam fogo, são bandidos,
banidos de seu berço.  

Tuas matas deslizaram,
teus rios transbordaram,
teus açudes soluçaram
muito sangue pelo chão.

Desta terra brotam chagas,
onde germinavam risos.

Permanece a escravidão
da pobreza, servindo à mesma realeza,
sem os grilhões de ferro,
mas algemas da incerteza.                                                                              

Quem vai limpar teu nome,
enxugar o rio da face,
plantar igualdade?
 
Quem vai partir o pão,
trilhar o mesmo chão,
ver-te, enfim, felicidade?

Há que ser redescoberto,
país de futuro incerto,
e com a vida pela frente...
 
Se teu povo não te enxerga,
não entende o próprio hino,
como ousar o teu destino?
 
 
             *22/04/2010 – 510 anos da descoberta do Brasil