NOVO ANO, ANO NOVO

NOVO ANO, ANO NOVO

O ano novo surgindo. De repente somos bruxos transformados, nos mágicos refletores,

Em poetas e em tais luas e seus tremores, vociferando suas interrogações

Nos futuros que nos atalham nos fantasiamos de estrelas, de mitos e de bandeiras

Somos em nossas almas benditas, somos o expurgo das tentações

Somos heróis e somos vilãos, profetas, atores e cortesãos

Viramos o mundo da inteligência na terra do faz de conta, da vida que sempre apronta

Que sem medir indulgências, sem arrimo, sem clemências sempre nos amedronta

Somos as canelas do vento, a brisa do eterno lamento de um mundo só transformado

Edificado, meio encantado nas loucuras de sermos seres minguados, ignorados...

Nós somos das melodias ousadas, cantadas, esmerilhadas, fanhosas

Nos tons que, em profanos interesses, nos acúmulos das intimidações

Nos picadeiros das palhaçadas do rez do chão, somos figuras só rabiscadas

No mundo que vem chegando, infinitos estarão espreitando na berlinda

Em taças de vinho derramadas nas pecadoras luxúrias desembestadas...

Previmos, rimamos, acontecemos, porque somos eternos atores de palcos mudos

sem focos, sem cortinas nem refletores

Já fomos o perú de Natal com castanhas, damascos, figos e coisa e tal

Mas já passou, nem ao menos acenou, dando adeus à comunhão de amores

Às festas de mesas ricas de comidas originais, de presentes tão sedutores...

Entra o ano novo rebolante, rutilante, debochante, intrigante

Vem escorregando nos espreitar, somos o eterno jogo de azar, rolando roletas pra nos ver dançar

Roda a roleta da vida entrante, batem bolas nos goals alucinantes, que nas traves vêm nos dizer

Que estão só para prometer , só para nos enganar nos sonhos que estamos a sonhar

O ano vem errante, claudicante. Vem das ruelas navegantes que os bruxos vêm maldizer

Céus! O que têm pra nos dizer? Que espaço nos resta viver para não retroceder? ...

Entra o ano, vem nos buscar nos entrudos nos fantasiar em blocos do "cá te espero"

Embolando nas multidões, sambando nas enganações, cantando suas previsões

Pedras, cascalhos, atalhos, caminhos que nos restarão pra deslumbrar

Deslumbrar? Não me façam rir, isso é só um debochar. Só conversa fiada a enrolar

Nas passada que ainda iremos trilhar, andaremos passo a passo no nosso caminhar...

Ditos, parceiros, iremos ao encontrar em jorradas errantes, vinho, terra

Em pagadoras promessas em andantes, passadas a caminhar

Viraremos pó das caminhadas, trotares de muares mochos

Nesta terra que estamos a procurar, tentar nos equilibrar

Ano Velho! Vai! Adeus! Não fiques só nas promessas

Vai assim mesmo com pressa para nunca mais voltar

Nem precisas vir me procurar, estarei me alçando para além mar

Buscando me refrescar e em alguma coisa tentar acreditar...

Myriam Peres

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 27/12/2006
Código do texto: T329168