Eduardas

Tem noites que parecem como ventos que sobram os barcos à deriva,

Mas de repente o vento acalma e o mar encontra a cor dos seus olhos.

E já não é prata nem ouro que iluminam aquela noite, talvez uma flor,

Uma flor de lata, uma flor desenhada a mão por entranho que passa,

Assim como a vida que desenhamos sem saber os porquês no caminho.

Não era nada organizado, feito, acabado, tudo improvisado, não planejado, escoado.

Era como um filme que começa sem saber que começou e termina sem saber o fim.

Eram olhos e gemidos, risadas e carinhos, pensamentos e delírios.

Era o não poder com tanto querer que pôde, e disso se fez poder.

Era não querer saber os olhares que passavam nem quantas horas faltavam,

Era entender que o tempo passa diferente e que o diferente também se faz.

O tempo que para mim passa tão rápido, talvez para ela demore tempo demais.

Na imensidão da vida tem horas que passam para trás e outras não são mais.

Qual é o nosso tempo? Onde podemos chegar? Será que o amanhã será amanhã?

Nós vimos o sol nascer de uma noite que nunca terminara, de um banho louco,

De um nascer louco, de querer ser louco como orvalho que nasce sem permissão,

De uma viagem que não se sabe onde se vai, se fica ou se para, mas vai...

Talvez fosse só ela naquela noite, seus desejos, seus medos, seus anseios.

Talvez fosse tantas Eduardas que uma só não pudesse ser.

Quem sabe um dia, assim, em uma outra noite, quem sabe, quem sabe... Eu.

TAS
Enviado por TAS em 23/05/2018
Reeditado em 19/06/2020
Código do texto: T6344049
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