Arremedo

Vingança, pança de elefanta,

(rima de criança),

Rima menina.

Sina de poeta, triste, triste.

Alegria, dedo em riste!

Ao menos hoje, sim?

Ar, ninho de pardal,

Feito ao alcance das mãos;

Gato no meu quintal, não se assanha.

Passarinho canta,

E ai da manha do gato.

Tudo é verso, tudo fala.

Tudo em mim agora canta.

Sou lira em dedo de criança

(lá vem a criança de novo,

Brincando de bumbo com o meu peito).

Se desafino, ou se extasio,

Pelo menos não angustio.

Hoje, sou lira em dedo de criança.

Prato cheio; pires apreciável;

Pintura de gênio ao abrir a janela.

De quem é ela?

A criança vem e diz,

“Fui eu que fiz”.

Sim, pintura de gênio. Que simples a tela!

Guache sobre a rua, sem pincel, a dedo.

Arremedo inútil? Não. Faço versos.

Hoje, hoje, hoje.

Hoje, sou lira em dedo de criança.

Dança ao som da caixinha de segredos.

Plim, plim, plim.

E a bailarina está sorrindo pra mim.

Piscadelas dela. Olha só!

Nem era preciso sofrer (ih, pra que veio?

Isso aqui escandaliza. Vocábulo infeliz).

Ih, outro!

A cabeça está dando nó.

Estou feliz e nem sei porque.

Melhor parar pra não esgotar.