Maria Lua Lúcia
Louca, a mulher olha a lua.
Embevecida, hipnotizada, a alma nua
Viaja por galáxias distantes
relembrando (ou inventando) improváveis amantes.
Seu dualismo fantástico é tema
dos versos não escritos de invisível poema.
Define-se ao rasgar o espaço:
sua língua é ferina, é temperado aço e,
em seu hermetismo,
quando se ressente do inevitável mal,
mesmo escondida, chora sua alma de cristal.
Invejável amálgama: aço e cristal,
a velha dama pouco liga para a intriga
ri-se da ignorância que campeia.
Dê-lhe fósforos e a cidade se incendeia.
---------------------------
Versos escritos para a última nobre de Ouro Fino. Maria Lúcia do Prado Rossi, legítima representante da legítima burguesia. Senhora de sua loucura, lúcida e sábia, máscara de crueldade que distribui benesses fingindo aplicar a chibata.