As mãos

A mesma mão que embala o berço

É a mão

Que o pode largar

A mão que pinta um quadro

Que para a eternidade vai ficar

A mão

Que tem o dedo

Que pode carregar no botão vermelho

No botão nuclear

A mesma mão que te afaga o rosto

É aquela

Que te pode sufocar

A mão que se despede de ti

Esperando que um dia possas voltar

A mão

Que te fecha a porta na cara

Porque já não te consegue suportar

A mão que acende uma vela

Para as trevas de ti afastar

É a mesma

Que com um archote

Deita fogo ao teu mundo

E a tudo o que podes representar

Mãos que amam

Mãos que odeiam

Mãos que criam o sublime

Ou que criam o caos

Mãos que constroem

Mãos que destroem

São estas as nossas mãos

As mãos da humanidade

Mãos que limpam uma lágrima

As mesmas mãos

Capazes da maior das crueldades

As mãos

O espelho perfeito do que somos

Mãos o nosso melhor instrumento

Que demoraram milhões de anos a aperfeiçoar

Mãos capazes do maior dos males

Mas foram elas que permitiram o velho sonho concretizar:

Das cavernas partirmos para o espaço

E dali para o que falta conhecer do Universo

Mãos que podem ferir

Mas também amar

Na forma deste poema

No corpo dos seus versos…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 30/09/2018
Reeditado em 30/09/2018
Código do texto: T6463846
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