TÁRCIA
Olhar pra ela é como atravessar poesia
pela janela olhar assim, ensimesmado
sabendo que o sol da primavera brilha
por traz da névoa a encobrir meio dia
Viro a página de onde o verso escapa
antes colado ao brilho do sorriso dela;
se alcanço a magnitude dessa pessoa
a voz ativa da mulher altiva me alcança.
Descanso no papel o verbo corresponder,
descanso do cansaço o trivial esmorecer
e me pergunto: quem é ela?
Mas se pergunto não sei dizer.
Sei sem saber que dela emana um sol
e a pele da minha alma se reconhece
diminuta diante do poder de Tárcia
só comparado a um eterno alvorecer.
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Baltazar Gonçalves