O Homem

O homem!

Manhã de outono gelada

Nem mesmo o sol aparece

E José vai longe nas contas

Do seu rosário, em prece

A barba branca e os olhos

Mirando a barra do dia

Que aos poucos vai se dourando

Um sol misto de solidão e alegria

Pois é o caminho de casa

Faltam horas para o achego

Reencontrar china e crias

Repousar no seu pelego

A vida traz e tem lhe dado

- sem mesmo que ele o mereça,

A cada dia um agrado

Luzes para sua cabeça!

É um neto, um afilhado

Um filho sendo abençoado

-é tudo o que ele queria

A mãezinha do seu lado

Lhe trazendo alegrias

Pelas graças que não esquece

Ele mergulha em sua prece

Pois anda a esmo desde o berço

Mas, pela Misericórdia

Recobrou sua humanidade

- Nas contas santas do terço!