Areal

Maria Fernanda, alta, cabelos longos, grossos e escuros como a noite.

Gabriel. Olhos feitos do mar mais profundo que se conhece e se desconhece.

Brincavam e rodopiavam durante horas.

Gabrielzinho com seu saco de moedas contadas para comprar o feijão.

Deu à Maria Fernanda um sorriso brilhante, o mais sincero que recebera.

Mesmo que com alguns dentes faltando.

O dourado de seu cabelo desapareceu junto com o do pôr do sol.

As lágrimas da menina derramaram, quiçá, no imenso mar aberto de seus olhinhos claros?

Talvez. Mas o amarelo de seus dentinhos tortos nunca se perderá no anoitecer de suas memórias.