Meu irmão, Meu eu

...

A dor do meu irmão é minha,

Não exagero, é fato.

O sangue de nossos pais molda-se em elo,

tudo o mais vira ponte,

onde atravessamos sem perceber.

No colégio, nas ruas, na casa nova,

nas brigas, nas descobertas, nos erros,

estávamos lá,

ainda que distantes por quilômetros.

Ainda que ausentes lado a lado, estávamos mais

próximos que nunca, meu irmão.

Pois no fim das contas, recontas,

buscas rebuscadas, mal ou bem feitas,

nossas memórias colidem-se a cada passo,

foram construídas em cada abraço,

mesmo nos pequenos sinais de adeus,

até logo, vê se aparece.

Quando íamos embora,

ficávamos mais perto,

Não há modo de nos separarmos, meu irmão,

sou você, sou eu, somos nós,

caminhando duplamente no mundo,

abençoados por termos tanto

e um ao outro.

Olisomar Pires
Enviado por Olisomar Pires em 31/12/2019
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