a fazeres
andamos todos muito ocupados
palavras são erros mas todos erram
o tempo acaba e estamos atrasados
num ponto errado pois seus ponteiros não param
eu estou sem tempo
tempo é o ocorrer de fatos
atribuídos a valores
Valores arbitrários inatos
Por isso estou com pressa
preciso assoprar uma vela
andar de barco
comer algo doce que me mela
eu queria ouvir o crepitar das chamas
o estalo do gelo
me enrolar no lençol da cama
mexer no dela e no meu cabelo
um beijo molhado
beijar de novo e mais uma vez de novo
sair mais cedo do trabalho
chutar a bola, andar nas riscas da rua
dar replay, sorrir mais um pouco
ver com ela a lua...
poderia ver a vida passar,
deitar na grama, pegar manga
na chuva dançar
gravar um vídeo engraçado,
ficar a tarde toda com meus amigos
queria dormir, junto olhar pela janela (abraçado)
assistir aquele raio de sol
um golaço do mengão
plantar uma árvore
ver um filme, segurar a sua mão
estar com a casa cheia, com ela vazia
sentir vento no rosto e na mão
o manifesto de outra vida e
a batida de coração
a batida daquela musica bem alta
ver fotos, comer biscoito
matar a saudade depois de sentir falta
contar histórias e ouvir piadas
gosto do meu nariz de palhaço
receber de volta um sorriso ou um obrigada
derreter o chocolate na boca
fazer você não sentir mais friozinho
um cachorro brincando
chamar todo mundo q termina com “inho”
competir na dança e inventar passos
argumentar e vencer a discussão
ouvir o silêncio, receber mensagem
andar com os pés no chão
imagina se eu tivesse mais 5 minutos...
eu andava de avião,
catava concha e pegava onda
entrava na água fria da cachoeira
comia um prensado
mergulhava na piscina e fazia castelos de areia
mas por enquanto
só vou conhecer gente nova,
dormir tarde, violar uma de suas regras
fazer outra prova...
planejar viver que nem um ripe
e mesmo que nada disso aconteça e minha vida seja um fiasco
nunca mais faça sol, minha mulher me traia eu perco o emprego e pego uma gripe
domingo tem amigos, festa e churrasco...