Minha Fada

Exponho minha ferida

rasgada

pelo condão de uma fada

libidinosa.

Deliciosa agonia

de quem um dia

viveu desamor.

Me permito, em público,

um grito de alento

atento aos apupos da platéia.

Os aplausos,

panacéia para a dor

de quem tantas vezes

se enganou no amor.

Hoje, minha alma cicatrizada,

minha palma calejada,

meu sonho refeito

e o meu peito repleto

de tesão satisfeito.

O condão da mina fada

restaurou alma e carne,

meu cerne, meu ser.

Eu, que tanto cortejei a morte

hoje vivo e amo viver.

Ouro Fino, 14 de fevereiro de 2003