Ímpar

Eu sem você,

sou túnel sem luz,

sou fiél sem cruz

e eterna despedida.

Eu sem você,

sou enseada sem cais,

sou oceano mareado demais

e efêmera vida.

Eu longe de você,

sou barco sem porto,

à deriva o tempo todo,

nos mares bravios.

Eu distante de você,

sou tenor sem orquestra,

sou solista sem platéia,

reduzido a um só assovio.

Sem ter você por perto,

sou, para mim, um estranho cara,

desorientado, num imenso deserto,

à procura de uma jóia rara.

Eu sem você,

vejo os meus dias repletos

de horas sem graças, ocas;

Eu sem você,

sou o ser mais incompleto

e inanimado, sem o ar de sua boca.

Eu longe de você,

vejo-me reduzido a uma pequenez,

que quase não saio dos poros,

tanto quanto a minúscula partícula.

Mas perto de você,

avoluma-se, em mim, a lucidez;

e o arco-iris de teus olhos

torna a minha vida lúdica.

Eu sem você,

definitivamente, sou ímpar!

Cid Rodrigues Rubelita