Ventos de Março

os músculos e a carne, dançam emudecidos

transbordando sincopadas orbes pelos poros

é a doença no seu estágio mais audivel

encavalando os nervos, deslocando os polos

enviando luzes, abraçando os corvos

rangindo as cortinas junto ao sangue quente

gravando mantras de ódio numa superficie rústica de parede

mastigou por vezes o frasco sem cor

trancou as palpebras em uma equação sonora

que não saltou da boca, mas ventou entre os cristais

a segunda lua nasceu por detrás da cama

e o envolveu num sono livre de humanidade

era a a contradição, retificando a contra-capa

enquanto o sol engolia as dores

~e as nuvens filtravam a terra~

são apenas flores -disse, com os lábios soltos-

amarrotadas em solas (correntes)

pulsando como molas (incoerentes)

e protestando,

ungidas em rosas e abiotos:

((garotos, serão sempre garotos))

Augusto Guimarães
Enviado por Augusto Guimarães em 26/03/2006
Reeditado em 26/03/2006
Código do texto: T128604