COMPANHIA*

Meu par é o verso,

às vezes manso,

nem sempre canto.

Meu par é o vento.

Vem sempre forte,

nem sempre norte.

Meu par é a garganta,

nem sempre palavra,

às vezes choro.

Meu par é meu cansaço,

nem sempre gozo, nem

sempre perto.

Meu par é um deserto

de coisas tantas,

nem sempre santas,

nem sempre certas.

Meu par é o teu passo

longe, nem sempre fonte,

tal qual floresta.

Meu par é teu beijo estranho,

têm sempre um gosto,

que a boca empresta.

Meu par é tua fala mansa

que a brisa canta num

outro ouvido.

Meu par é tua mão

sem pressa, que gesta

planos em mim, fecundos...

Meu par é meu dialeto,

cantando mundos...

Luciane Lopes
Enviado por Luciane Lopes em 24/11/2008
Reeditado em 24/11/2008
Código do texto: T1301080
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