Retorno

Comporto-me, hoje, feito águas de rio sem margem

que invadem territórios estranhos;

descontrolado por sentimentos sem tamanhos

que os sábios denominam de alegria; os homens, de bobagem.

Vejo-me, no meio deste caudaloso rio,

por tamanha força de indomáveis correntezas, levado;

touxeste-me lúdicas emoções em que afogado

sinto-me, e morto quase, por um fio.

E este comportamento insólito,

é de teu regresso, decorrente.

Fizeste-me agora tão contente

que a mim não me contenho, hilário!

Tu és, a um só tempo,

deste lugar, o atavio;

quase sombra, um ícone fugidio

a transcender meu pensamento.

Agora que te tenho mui próximo a mim,

feito ininterrupto coito pagão, o regozijo

suplanta-me; corpo meu humílimo e exangue alijo,

resplandecem-se-me espírito e alma de querubim.

Coroado de saudade e amores,

meu coração recepciona-te ninfa dadivosa;

adorno-te de poesia e flores,

pois que minha boca exsicada, fez-me sem prosa.

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 11/04/2006
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