ESMOLER

Não tenho muito a oferecer, amor,

Só o que tenho em mim.

Pode ser pouco ao que mereces

Mas é tudo que eu tenho, enfim.

Sei que teu valor é um preço alto

E pagá-lo, a mim, possível não o é.

Mas aceita o que te dou de bom grado,

Este amor que me esvaece o cenho farto.

Quisera ter o mundo, mas não o tenho,

Quisera ter muito, mas possuo pouco,

Aceita minha verdade, não a questiones

Faço dela meu argumento apenas.

Mais do que eu, sou tu

Sem nunca de mim ser saudoso,

Mas de ti morro afastado

Quando te vais para longe.

Não me deixes aqui, por favor.

Não me deixes sentir-me triste

Por de ti querer amor, paixão, piedade

E não te ter o afeto de um instante.

Não me deixes, amor, no ermo caminho

Vazio da estrada em dores

Sentado ao luar sonolento,

Despedaçando as flores.

Aceita meu destino infausto.

Espanta o sofrimento amargo.

Erga-me do medo doentio

E me faz ser teu amado.

O custo é pouco, amor,

Mas sou de grande serventia

Embora me pareça vadio e pachorrento,

Verás que a ti sou homem intrépido.

Não desprezes minha paixão,

Um fogaréu sagrado

A arder incessante

Pela tua perfeição.

Mendigo o teu amor,

Dou-te pouco e quero muito

Mas o muito é pouco para ti

E o teu pouco é muito para mim