DONA DAS CALÇADAS

Chafariz de lágrimas contidas em meu peito,

Orvalho em gotas que cobre minha alma-flor...

Vitrais líquidos e especulares em rosto refeito...

Marcas indeléveis que deixaste ao sonhador.

Partiste em silêncio, sem destino, a vaguear,

À minha existência só ofertaste a ingratidão,

Dona das calçadas, voltaste ao teu vil lugar,

Não mais te lembres daquele amaro coração!

Julgas-te ovante por esta tresvariada decisão,

Querendo aplausos por um gesto espetacular,

Raia do ostracismo será tua decisiva direção.

Rumo à coita é a lauréola que vais encontrar,

Nocente acanáceo que maldiz a rosa em botão,

Carnífice molesta, madrinha do meu amargar!

Riva. 106

Rivadávia Leite
Enviado por Rivadávia Leite em 24/04/2006
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