O renascimento

Das cinzas fez-se o pó,

Do pó fez-se a imagem e

Da imagem germinou a semente,

Nascendo então a criatura.

Assim como

Da solidão fez-se a procura,

Da procura fez-se uma doce amizade,

Nascendo dela um sentimento indescritível.

E, entre portas abertas, não existia o que conquistar ou ser conquistado e não se fez sedução, nem tampouco sedutor,

Existia sim apenas um coração que se fez ermo e,

Vagando pelos mares, houve alguém que sonhou e viveu as delícias da ternura.

Agora, nada resta senão o vazio, o sentimento de que em nada fez diferença e nada tocou.

Então a morte espreita, não a do corpo ou dos pensamentos,

Mas a falência da alma e ilusão da busca da felicidade.

E, pelas portas ainda entreabertas, sopra ao vento a escuridão do amorticídio,

Expressão inexistente no vernáculo,

Que apenas traduz a necessidade de morrer ou matar um sentimento inigualável,

Ou permitir que a fantasia, que o anjo alado dos sonhos, conduza ao paraíso perene.

selene
Enviado por selene em 02/05/2006
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