MANTRA

Sua voz ecoa dentro de mim até hoje

apesar de não ouvi-la a tanto tempo.

Ainda sinto a dor das marcas que você deixou em mim com seus dentes;

ainda sinto o calor das suas pernas enroscadas nas minhas,

dos seus pés nos meus,

das sua mãos percorrendo meu corpo.

Escuto meu coração batendo descompassadamente

e eu às vezes me pego pensando: “por que não pára logo!”

e meu estômago revira

junto com as idéias na minha cabeça.

Seu nome já é um mantra

que se repete dentro de mim

desde a hora em que abro meus olhos

até a hora em que os fecho.

Mantra este que nada de bom vai me trazer,

pelo contrário,

só me traz sofrimento.

Só me trouxe sofrimento

desde que o escutei pela primeira vez.

Seu cheiro continua impregnando meus dias

seu sorriso aparece em tudo

e vejo seus olhos apertados se fechando

enquanto você ri.

Vejo também suas mãos, seus longos dedos e

suas unhas

enquanto olho as minhas.

Olha, meu bem

minhas veias altas.

Olha como me sinto

quando penso em você.

Não posso crer que tudo foi uma mentira.

Seus olhos fitando os meus daquele jeito

não podiam estar mentindo.

Seu corpo me dizia tantas coisas

me fazia tantas coisas.

Hoje o que a lembrança dele faz é me sentir enjoada,

ridícula,

estúpida.

Me vejo quebrando o vidro do ônibus,

socando minha cabeça

até fazer parar.

Até fazer parar a repetição enfadonha do seu nome.

Diana Marques
Enviado por Diana Marques em 08/05/2006
Código do texto: T152737