"Diálogos com a lua"

“Diálogos com a lua”

Numa noite de insônia, noite mal dormida,

Despertei de madrugada; sai pra minha varanda

E pus – me a dialogar com minha companheira,

Minha amada.

Lá ia ela altiva no alto céu

Como a me procurar,

Pareceu – me por um breve momento fugaz;

E eu, como seu amante fiel,

Quis este instante eternizar.

Lua; tu que brilhas pra muitos,

Opaca pra alguns,

Que sorri ante o beijo apaixonado, mas

Vira sua face à traição consumada,

Meu coração como pergaminho

Quero te abrir,

Sob tua clara luz celestial

Meus segredos contar.

Por favor, vire pra mim seu lado oculto, encoberto,

Deixe que de você meu coração chegue mais perto.

Preciso nesta ante véspera da chegada

Do brilho que te afugenta,

Derramar-te minha súplica

Como se ela fosse a última.

Lua prateada,

Refletindo

Paixões desenfreadas,

Amores mal resolvidos,

Traições mascaradas,

Enlaces sem fim,

Diga pra mim: -

Como hei de conquistar,

Sem espada, sem batalha

O amor da mulher amada?

Como fazer com que seu

Doce sorriso de fada encantada

Seja só pra mim, a mim dado?

Lua, guardiã de meus tesouros escondidos,

Guardados,

Como pérolas nunca antes mostrados,

Nesta sua solitária viagem estelar,

Em que com um poeta

Estás a dialogar,

Leve até ela um pouco

Da esperança minha;

Diga que a dor que sinto

É deveras genuína,

E que sem ela

Eu não me encontro,

Sou como um rio que corre em desatino,

Apenas cumpro meu destino,

Uma nau sem porto,

Um não estar,

Um morrer de desgosto.

Paulo Peter Poeta
Enviado por Paulo Peter Poeta em 10/05/2006
Código do texto: T153558