O PALCO DA EMOÇÃO

A poesia é o lenitivo da alma. O palco da emoção.

Onde mesmo sem lembrar de mim,

invade-me o pensamento e alforria toda a agonia

do tempo que anda, sem nunca chegar ao fim.

Beneficência, ou maldição em sons e cores,

que quando não crio, saio em busca do mesmo modo,

ainda que de outra mão, outra mente, outro coração.

Como se bálsamo fosse pra colocar fim às minhas dores,

leio e releio dezenas, centenas por dia! É minha adoração!

É mais do que um prazer, é um vício que não

consigo largar. E os sons dos versos são os senhores

que nasceram pra me libertar, ou escravizar.

Mas, eu preciso ouvi-los, criá-los, senti-los e vivê-los

em toda a intensidade da estória. Até percebê-los entranhados

de verdade, em minha alma, cinzelados em meu peito,

gravados em minha memória...

E quanto mais eu sinto minha dor aumentar, menos

eu quero a poesia parar.

Quero que essa dor absorvente e que não passa,

saia dos meus mais secretos guetos, se depure do meu corpo,

e comovente, em meus olhos se liquefaça, alcance minhas mãos

e morra em meus sonetos.

Que as rimas e prosas tragam-me a calma, libertando-me

desse desatino que é sentir doer-me toda a alma e todo o corpo,

reservando-me o direito de traçar o meu próprio destino...

Ainda que em franca quimera!

E que os nossos amanhãs todos empenhados nesse frágil instante

da vida, possam ser redesenhados pelo pincel ágil do amor...

para serem eternizados... no palco da emoção.

Tânia Regina Voigt
Enviado por Tânia Regina Voigt em 09/05/2009
Reeditado em 05/04/2015
Código do texto: T1583802
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