Musa

Tão linda simplesmente fulguras

quando emocionada choras

às cenas marcantes do filme!

É tudo magnífico em nossa mente:

as paisagens e a história na tela,

entretanto, no meu coração e mente,

tu passeias eternamente mais bela.

- E em mim vives, alheia -

tal senhora de devoto luto,

estranha a todos na aldeia;

ao passado vivido, indiferente.

Semelhante a veias de herói absoluto,

em mim, interiormente, desencadeia

uma fusão de expressões contentes.

E nossa lúdica história

traslada feito imagens de cinema

numa projetora pequena

e restrita e remota

que são a vida

e a memória.

Olhos teus, pretos e âmagos,

afloram em mim, flor de jambo

e sem palavras tu me domas.

Eu me encontro meio sem saber

se sou eu, dividido em dois,

pois na plenitude da tua paz,

o amor em mim jaz.

Enlevado, descubro que somos um, depois

que este elo acorrentou nossos passos,

entrelaçou nossos abraços.

Quão de mim fico disperso

quando me sorries

e me beijas e gargalhas!

Meu estado de espírito, um universo

de felicidade sem tamanho.

Tão maravilhosa fulguras,

quando emocionada choras!

Todavia, se vais embora

quase não me acho,

exasperado me acanho.

Gasto os eternos dias, cabisbaixo,

no íntimo me arranho

de saudade infinda.

Rezo, contudo, para tua breve vinda,

pois tão única desfolhas

quando me beijas e me olhas

que me elevas às alturas!

Tu me emocionas tanto

que descontrolam meus suspiros.

ouço tua voz por todos os cantos

dizendo: te amo e perco o juízo.

Não obstante, teus lábios carnudos

cercam-me feito os muros de Berlim

na abundância de teus seios esqueço de tudo,

sequer lembro que um dia tudo isso terá fim.

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 19/05/2006
Código do texto: T158969