RETRATOS DE UM AMOR.

Sou o que não fui e o que nunca serei

Sou um parasita de mim mesmo

Escravo do seu amor

Mundano que cultiva a dor.

Sou um para-raio sem terra

Um cego sem olho

Uma estrela sem brilho

Um unicórnio sem chifre.

Um presente sem futuro

Um futuro sem passado

E um passado sem alma.

Sou a morte e a vida

Um corpo sem carne

Uma alma sem sombra.

Uma sombra sem escuridão.

Sou as trevas

O fogo que queima

A sombra do inferno

O inferno de hoje.

A solidão sem amor.

Sou o que nunca fui o que nunca serei.

Sempre depois da noite vem o dia

Sempre depois da solidão vem um novo amor

Sempre depois da morte vem o sofrimento

Sempre depois do nascimento vem a esperança

De que vale tudo isto se você não está aqui.

Se o seu amor não está aqui

Se sua boca não está na minha

Se o meu corpo não está dentro do seu.

Então, só me restam as lembranças

Do teu cheiro nas minhas entranhas

Do teu gosto na minha boca

Nem me restou teu retrato

Mas pra que serve?

Se minha mente é tua

Se meu corpo é teu

Se minha alma te pertence.

Sou o que nunca fui e o que nunca serei.

Sou seu amor, que nunca me amou

Seu passado, presente e futuro, que nunca terá

Seu homem, sua mulher, que nunca gozará

Sou a estrela da sua vida que se apagou

Sou a solidão, a escuridão, o ódio do seu amor.

Hoje na minha mente não sou eu e sim você.

Porquê?

Sou o que nunca fui e o que nunca mais terei

Você...

Ricardo Muzafir

08/02/05

Ricardo Muzafir
Enviado por Ricardo Muzafir em 23/05/2006
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