Apelo

A mim dedico essas pequenas linhas

linhas de anzóis, raciocínio e tricô

feitas de diminutos sonhos, sombras, enfado

Enfim a minha pouca literatura, o meu muito pensar

em cores e coisas sutis, passando ao largo.

Da minha loucura restaram novelos de lã embaraçados

frascos de vida a dois, cartelas de tédio...

Vidro quebrado formando em cacos o mosaico daquilo

que sou, ou antes, imagino ser.

Um ou dois versos escritos em dor

Dor compartilhada nos espasmos de prazer enganoso.

A verdade insinua-se em cada traço esquecido no abraço

daquele que ainda virá.

Paisagem fosca de um quadro pintado sem força

O vaso, a mesa, pratos e copos. Lençóis em branco

e preto que tornaram-se de um cinza esmaecido.

Anéis, que me fizeram Sra. Sobrenome já se derreteram

e hoje enfeitam um pescoço encarquilhado talvez.

Onde as cores, onde o barulho, onde o lufar do vento...

onde a vida se escondeu?

Dá-me um sinal, acende aquele último fósforo e acena!

Voando Alto
Enviado por Voando Alto em 12/07/2009
Código do texto: T1695585