Feixe de luz

Sei que é demais te pedir

Para comigo mudares de identidade,

Por isso não o farei.

Quero, apenas, através destas linhas,

Que saibas de verdade

Que ando meio taciturno

E ao mesmo tempo, disperso

E vejo-te além do limite do universo,

Levando-me, desintegrado, feixe de luz.

E me sinto, deveras, acuado

Como que condenado,

Ao perigo atual da rua, exposto.

Pensa-te haver fugido do meu rosto;

O amor, agora em descomunal turbilhão,

Avoluma-se-me meu coração.

Escusas, peço-te por engolir a palra,

Diante de tuas palavras nexas.

Quem sou eu pra mapear tua liberdade?

Quão escasso sou de matérias

A ponto de nutrir tua veleidade!

Esta que ostenta as mulheres em júbilo

E torna embevecida a sociedade.

Eu que, nem a Maiakosvki, páreo faço;

Pois que, apesar da distância do tempo,

Nem a fumaça de um cigarro

Oferecer-te, posso, a contento.

Já que nem vivo

Todavia, literalmente, passo

Alheias horas, feito dependente de vícios

Que involuntário anima o universo lasso.

Contudo, a esta incongruente e passional filosofia,

Aos olhos do mundo hodierno, já pretérita,

Não carece que te afilia;

Amo-te além de decantada forma estética.

Não obstante, o desnível engendra-se

Tenaz; eu que o pensava exorável,

Quase uma linha imaginária, tenra.

Antevejo ascender célere

E divisionar a intimidade de nosso mundo inefável

Em nações de arriscado acesso.

Olhos meus tão absortos.

Lá fora todo interior; cá dentro, eu possesso,

Desnudo-me aqui obnóxio e tolo

Perante o abismo de teu intelecto.

Vivo condescendente, aluado e bobo

Estes dias de hoje, em debutante delírio,

Visto que está em jogo

O amanhã especioso, plural e magnífico.

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 07/06/2006
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