Amor entre poetas
Ah, as obras poéticas,
Como são belas...
Cada um que a aprecia,
se imagina dentro delas.
As de dores, de escarnio,
de desejos, dedicatórias,
biográfica, tormentos,
reflexões, anedotas,
crônicas, pensamentos...
Mas nem sequer desconfiam,
que a cada obra criada,
Lá está alma do poeta.
Suspiram e imaginam:
quisera eu ter esse talento,
ou ser a musa que o inspira.
Julgando os autores como Deuses,
não sabem da sua agonia.
Em poemas feitos a quatro mãos
os dois tocam a caneta, o papel,
o tinteiro, o teclado...
Mas as mãos suaves,ou com calos
e os dedos longos ou arredondados,
só em pensamentos são tocados.
Enquanto amantes se entrelaçam,
o poeta abraça a taça e uma garrafa,
a poetisa não tendo o amado,
a si mesmo se agarra.
Despejam juntos textos, versos,
rimas, palavras...
Mas condenados, escravizados, não se abraçam.
Ela o chama de Fruto, ele a clama Princesa,
se dedicam mil poemas, juram amor eterno.
Ele aspira de longe o cheiro de pitanga,
o perfume que ela exala...
Ela fecha os olhos quando sopra um vento,
bagunça seus cabelos, imaginando que é ele,
acariciando de modo único, terno e intenso.
E assim segue, o amor entre os poetas,
só nas tintas, nas canetas, em rascunhos,
papeletas, com diferentes temas.