A eternidade em que nos pertencemos

A eternidade em que nos pertencemos

Teus beijos ainda despertam em meus lábios

Enquanto o sol escreve a história deste amanhecer

E todas as cores deixam-se colorir no arrebol

A beleza do alvorecer rima em perfeita harmonia

Com a poesia que compuseste em meu olhar

Quando o amor me ofereceu a ti

Rebrilhando o lume da minha entrega

Teu sorriso suspenso ainda acolhe o meu despertar

E me olhas como se desejasses fotografar

Cada gesto com que revelaste o meu corpo

Abrigado em sensações e emoções, pleno de ti

A saudade agora também me presenteia a ti

Enquanto a paisagem do real oculta-se do meu olhar

E nega a tua ausência, recompondo momentos

Volta-se a vida aos lugares que nos presenciaram

Teus olhos pedintes, ressuscitados em mim

A poesia do nosso encontro continua sendo declamada

Rimando os nossos sonhos, aclamando os nossos desejos

Desnudada pelas mais doces e sublimes lembranças

Porque foi na primavera das tuas mãos

Abertas em pétalas de carícias

Que me vicejaste com a fragrância do teu amor

Ainda me é nítido o suspirar do nosso último amanhecer

Quando entregamos todas as palavras ao silêncio

Cúmplices do inconfessável, debruçados em nossa geografia

Estrangeiros de qualquer outro mundo

Encerrados pelos gestos que nos esperavam

Unidos pela eternidade de nos pertencermos...

Fernanda Guimarães