ESCONDO-ME


Sempre tento mascarar no fundo do olhar
o suor febril da pele explodindo em desejos,
a saudade que palpita no peito sem parar,
a boca seca, almejando o aguar dos beijos.

Escondo no profundo da alma tão ferida
um sono inquieto e toda sua desventura,
o silêncio que abocanha o amor em despedida
e deixa o ser amante doente, afastado da cura!

Resguardo em mim um coração estilhaçado, vazio!
A emoção deserta, sem a alquimia da aliança;
o pensamento, que encobre um insano desvario,
as mãos, com ressequidos grãos de esperança.

Escondo-me do espelho, que de contínuo reflete
uma imagem descorada, nas asas dos tempos partidos.
Fujo... Escondo-me de mim, nada há que complete
sua ausência... Escondo-me no sono dos sonhos puídos!



15/12/2009
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 03/01/2010
Reeditado em 09/12/2010
Código do texto: T2008445