Uma rosa por presente

Deixaste, gentil senhora,

Ornando um vaso de vidro,

Em amarelo esmaecido,

Viçoso botão-de-rosa;

Tocar suas folhas sedosas,

Embebidas em doçura,

É ter bem junto a ternura

De tua alma carinhosa.

Sempre dediquei às rosas

Uma invulgar simpatia,

Pois sua imagem irradia

Portentosa sapiência:

Para alcançar florescência

Percorrem longo caminho,

Deixando atrás os espinhos:

Partes vivas da existência.

Puseste no anomimato,

Mas foi fácil descobrir;

Não precisei inquerir

Com perguntas engenhosas:

Notei tua face ditosa,

E, como o costume,

Sempre ficam com perfume

As mãos que doaram rosas.

Jorge Moraes - Livro: Acalantos

Jorge Moraes
Enviado por Jorge Moraes em 16/02/2010
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