Na música das conchas
todo o ímpeto marinho
dos sinos afogados,
violoncelos e harpas submersos.

Em cada concha abandonada
há um recital de ondas
uma ressonância de corais,
uma filarmônica de algas.

Por vezes,
apoteose de sopros,
percussão de ondas
quebrando-se no rochedo,
partitura líquida
na pauta das areias
ou violino triste
de brisa sobre as dunas.

O mar é
uma sonata de encantamento,
serena serenata de maré.
Talvez, por isto, as conchas
tenham o estranho formato
de orelha.

O mar solfeja versos
no contínuo movimento
de um fole litorâneo.
canta na orla,
cantarola.
E, de tanto cantar,
o mar encanta.

A maré-cheia
invade o continente
com sua banda marcial
e te celebra...
Depois,
de tanto amar,
o mar se harmoniza
e deixa
em cada concha
um prelúdio para ti.

O mar
        te
             ama!