Autópsia - A última amada

Jamais passei por lugares

Tão cheios, perigosos,

Que quando ali passava

Rangiam-se os ossos

E a carne, querendo abster

Do sangue, este coagulado,

Enquanto os olhos em súplicas:

"Não ouse olhar para os lados!"

Jamais passei por lugares

Em que minh'alma findava

Como quando nos pensamentos

Desta minha última amada

As flores no jardim em teu peito

Tão negras, tão secas, tão murchas!

As pedras daquele caminho

Jamais pude ver tão abruptas

Jamais passei por lugares

Tão frios como as galerias

Onde ali por todo e sempre

Outrora, minha fantasia.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 31/03/2010
Código do texto: T2169704
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