O VÔO DO AMOR


Eu queria voar muito alto
e, você, voando comigo
em grande velocidade...
Rápido como um beijo que dura uma eternidade,
como se cada beijo
fora de despedida,
sentindo o vento penetrando nossos corpos,
ardentes... amando...
eu, penetrando completamente em seus sentimentos
e você em mim.

Unindo o que juntos somos e o que, num mesmo feixe de luz, a grande soma universal da vida é...
Eu amaria e saberia tudo o que você sabe
e sentiria tudo o que você sente.
Tuas emoções, nas minhas, sentiria teu arrepio...
e você, como se fora eu, renovadas minhas frontes,
sentiria o início do fim da madrugada,
conhecendo cada segundo que ela contêm,
assim como cada espaço
que se advém.
Para mim, conheço as tuas emoções,
pois as minhas eu não as vejo...
passando por nossas paixões no melhor do gozo...
do fundo do nosso íntimo!
E, brindemos uníssonos à nossa sorte,
descobrindo a essência do amor
que se houver, até que chegue o amanhã
e tão lentamente como o impacto do vento violento,
como o dia que vem chegando,
como o sabor do mar na boca,
como o ciclo eterno das coisas mutáveis
coisas do novo inverno que envolve o novo dia,
coisas que chegaram para mudar nossa monotonia...

Então, como as mãos de um mortal
brindemos com vinho francês,
e que essa frágil taça, quebrada,
nem me lembre dos segredos dos nossos estilhaços...
que me é imposto correr, pular e passo,
passo os anos,
passo a vida dura... passo a vida toda,
e breve são os anos!

E fortes somos como o raiar do dia...

Tudo ficou de tudo,
nada sobrou de nada.

Nada somos e tudo somos, puramente gozo...
Amanhecer entre um pouco de sol e o ar que respiramos,
dentro dessa irrespirável noite que atravessamos.
Fomos grandes, enormes, inteiros e
certeiros... nada fomos,
debruçados em nosso próprio infinito.
Fomos exagerados no amor,
o amor mais longo da nossa história,
relatado nesse breve capítulo de nossa glória,
amor arrebatado,
rastros de sexo,
crepúsculo dos nossos segredos,
vôo inventado
corpos entrelaçados,
silêncio!


by Wildon Lopes
(18/08/2006)