Repouso (para Fabíola)

Tenho de admitir certo encabular em mim:

Poeta, artista de palavras, diz-se, prestas e certeiras,

De súbito vendo-se alheio a exatidões,

Não só isso como envolto por uma turbulenta, truculenta inexatidão

Que me aperta os pulsos

Impedindo que os vocábulos, a priori prestos e certeiros,

Escorram para minha pena.

O Prazer entretanto - tão indefinido quanto intenso -

Que me anda preenchendo

É, desse todo de confusões,

O que mais se faz sentir em meu pensar

E em meu peito.

E está continuamente, em paradoxo ao que disse há pouco

Seguido de uma mansidão

De uma serenidade quase tão luzente

Quanto o motivo de todos esses ais - não de dor, suspiros -

Que é o que me sobra de certeza:

A incessante vontade de estar contigo.

Tua pele, meu lençol: toque que repousa o espírito...

Teu abraço, meu refúgio: porto em meio à ressaca brava...

Teus olhos, lunetas pro mar: vislumbro a imensidão...

O que há de repentino na tua importância para mim:

Uma surpresa boa, daquelas que se sabe, e se sorri.

Gravor di Saint Danielt
Enviado por Gravor di Saint Danielt em 10/11/2010
Código do texto: T2607945
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