"...de te ter..."

Fecho os olhos, labaredas, folhas secas,

ares frios, tons sombrios pelas frestas,

onde o sol não mais penetra, com seus raios,

rubro intensos, nem a Lua mais invade,

como sua luz embriagante, de um azul,

tão cintilante, que aos sonhos vai buscar...

Fecho os olhos simplesmente, pra sentir-te,

a minha frente, como fosse um só sorriso,

ou o Anjo entorpecido cujas asas já não batem,

e em silêncio entrega a tarde, em nuances,

primaveras, cores tantas, mil quimeras,

melodias, sintonia, que em acordes me percorrem...

Fecho os olhos, enlouquecida,

e um voar de borboleta, é meu "Q", de intenções,

onde tudo quanto sinto, onde até meu labirinto,

tem respostas no teu Ego, e o caminho perigoso,

que insinua-se pelo umbigo, é também meu doce abismo,

onde afundo sem medidas, bem profundo, minha paixão...

Ai que sina, a minha vida...

De deitar na despedida e acordar na solidão.

De manter juntinho ao peito, um calor inexplicável,

que aos sentidos alimenta e ao desejo, não sacia.

Fecho os olhos, sem razão, e um jantar à luz de velas,

se desenha na retina, num soprar ilusão...

E abraço este momento, este instante,

que entre os braços acalento, e o teu Ser volatiliza,

assumindo minha vida, como as brisas do verão...

Rasgo então, o céu crispado, bato asas, rompo o Cosmos,

risco estradas nos Cometas, que me levam pelo tempo,

num resumo desta falta absoluta, de te ter...

Angra sem Reis

24/10/06

23:40hs

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 25/10/2006
Reeditado em 25/10/2006
Código do texto: T272901