HIATO


Um tempo-mistério aprisiona os sentimentos
quando a ausência do sonhar chega para ficar.
Já não me ilude o volitar inconstante dos ventos,
rodo em círculos, giram estações... Onde irei chegar?

Há um tempo no cerne do tempo, apenas meu!
Nele, a vida é fleuma ardente, canção de amor...
Lá não existe não ou adeus... Emoção em apogeu,
sensações marotas, olhar em paixão, longe da dor...

Assim tento nutrir estesias e magias na realidade,
fujo das armadilhas que mastigam o sonho falido.
Assim, não morro nas águas salgadas da saudade
e sendo mulher, cultivo o eterno a mim permitido!

Mas o tempo é sagaz e num repente tudo desfaz!
É hora de acordar, extinguir as cinzas do passado,
tentar alcançar luz num outro tempo... Serei capaz?

Este tempo dentro do tempo há de ficar para depois!
Em toda viagem há começo, meio, fim e recomeço...
Hoje, o impossível encobriu a poesia entre nós dois!



06/01/2011