A obra de uma Fada

Sua obra é fantástica

Toco-lhe tudo sem tocar

Vejo mesmo cego

São os seios empinados

Em minha boca que fervilha

Pernas alongadas

Nas quais minhas mãos tateiam

São pés que outrora já disse querer comer

Cabelos e pelos que desejo embolar em meus lábios

Morder os seios não basta

A vendo desejo o queixo, a ponta do nariz e as orelhas

Que obra é essa

Repleta do cheiro da sexualidade feminina que tanto gosto e venero

É fruto de um órgão divino

Finamente esculpido e pintado de cores móveis

Saímos de lá e para lá quero voltar todos os dias

Quando a vejo em tela, praticamente se movimentando em fortes imagens

Nada diferentemente me vem a mente do que a presença potente de Deus

Detalhe por detalhe, na ponta dura do pincel que seguro

E o movimento...

Ombros, mãos, pés e ancas se entortam nas cores quentes que escolheu

Ah! Que obra é esta que observo em sonho e em realidade

Ela está na parede, do jeito que pensei.

Encontra-se na cama da forma que deitei

Abre a boca delicadamente que por vezes beijei

E pernas que se arregaçam na cama que amei

Obra divina

Por vezes escondida e pervertida

Às vezes recatada e humilhada

Mas sempre onipotente e potente

A obra termina com ardor

Em olhos fechados

Peitos empinados

Corpo maravilhosamente escoltado

E cabelos soltos ao vento.