LUXÚRIA
Vou erigir uma cama
com suas mãos e dedos
e me deitarei nela,
como quem se deleita
no corpo de uma virgem.
Vou sufocar a respiração
dos seus olhos
para não desviá-los dos meus,
como quem se apresenta
num insano e repentino ato
de strip-tease.
Meu corpo vai odorizar o seu
numa permuta pituitária
de fedores e olores,
como quem se atraca
se ama e se acasala
num lençol de alfazemas.
Vou ouvir sussurros ao vento
palavras gemidas ao pé do ouvido
para arrepiar pelos e cabelos,
como quem transforma em música
palavras obscenas oriundas
da lubricidade de Príapo.
Vou sugar de você
o sabor da existência
para saciar a fome baixa,
como quem chega ao êxtase
como quem sorve o cerne
como quem degusta
o doce gérmen da vida.