LUXÚRIA

Vou erigir uma cama

com suas mãos e dedos

e me deitarei nela,

como quem se deleita

no corpo de uma virgem.

Vou sufocar a respiração

dos seus olhos

para não desviá-los dos meus,

como quem se apresenta

num insano e repentino ato

de strip-tease.

Meu corpo vai odorizar o seu

numa permuta pituitária

de fedores e olores,

como quem se atraca

se ama e se acasala

num lençol de alfazemas.

Vou ouvir sussurros ao vento

palavras gemidas ao pé do ouvido

para arrepiar pelos e cabelos,

como quem transforma em música

palavras obscenas oriundas

da lubricidade de Príapo.

Vou sugar de você

o sabor da existência

para saciar a fome baixa,

como quem chega ao êxtase

como quem sorve o cerne

como quem degusta

o doce gérmen da vida.

Elias Araujo
Enviado por Elias Araujo em 22/02/2011
Código do texto: T2807766
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