Reeditando o amor
Sentei aqui, nesse lugar imaginário,
onde o tempo corre devagar,
parando aqui e lá sem pressa alguma de chegar.
Sentei em posição de lotus,
braços estendidos e um largo sorriso.
Respirei profundamente e destravei minha mente,
Escutei minha pulsação,
Senti meu coração nas mãos...
Deixei meu corpo inerte por um momento,
os pensamentos vagando no espaço,
com a alma repleta de serenidade,
ouvi o ruído do silêncio,
O ranger ensurdecedor dos meus desejos.
Serena, plena, ainda assim eu queimava.
Tentando esvaziar-me de sua presença,
mas repleta da sua essência.
Meu amado, meu amigo e meu amante,
Somos loucos que vivem em rompantes,
Muitas vezes nos desconhecemos,
Muitas outras nos encantamos,
Por várias vezes nos abandamos,
Outras tantas nos procuramos.
Sou uma serpente a te envolver,
Te faço febril com meu contato,
De morno nada temos,
Sou a lava escaldante em seus dedos.
Sou a que rasga seu papel de seda,
A que te grava letras,
Que te recita poemas.
Sou eu quem descreve o que somos,
Que edito seus sonhos e planos
porém somos nós, apenas nós mesmos,
que mesmo temendo, mesmo sofrendo,
somos obra e autores.
E com os lábios trêmulos,
os olhos translúcidos de anseios,
que escrevemos, publicamos e reeditamos o nosso amor .