Desvio o tempo...
Desvio o tempo
Para que você possa passar,
Leve como uma utopia,
Arrancando meu sono inútil.
Teu olhar ausente petrifica,
E, na constante inconstância do sentir,
Vivo como se gritasse algo novo
Dentro de uma sala vazia.
Vejo tua imagem desconstruir pingos
Que escorrem de uma nuvem fugidia
No triste cinza de uma terça de abril.
Solícito e pungente,
Distraio teu silêncio com meus dedos
E, nas ilhas que percorro em seu corpo,
Descubro corredores que levam aos céus.
Ausências fui, silêncios sou!
Engasgo ao contemplar verdadeiro
A tua imagem mais mentirosa.
Enigmas foi, metáforas és!
Decifro teu grito interno
Gozando, sereno, teu amar sentido.