Rainha D. Amélia
Nascida em berço de esperança
Cedo se viu expulsa da sua terra
Era bisneta do último rei de França
Napoleão exilou-a em Inglaterra.
Só após a queda do imperador
Pôde regressar ao seu pais Natal,
Teve então educação da melhor
Seu pai era pretendente à coroa Real.
Frequentava as boas casas reais,
deslumbrando com sua cultura,
Teatro, ópera e outras artes mais
Como a escrita e o dom da pintura.
A princesa foi crescendo, crescendo,
E o amor começou a fazer falta,
Pretendentes foram aparecendo
Mas Maria Amélia era mesmo alta.
Que desculpa mais esfarrapada
De lhe negarem um casamento real,
Áustria e Espanha negaram-lhe entrada,
O futuro faria dela Rainha de Portugal.
Otto Von Bismarck terá impedido,
Com Francisco Fernando, o noivado,
O arquiduque que terá impelido
O mundo à guerra, ao ser assassinado.
D. Amélia e D. Carlos se casaram,
Foi, é verdade, casamento arranjado,
Mas também é verdade, se apaixonaram
Num percurso tragicamente marcado.
Partiu a 18 de Maio de 1886 de França
Com destino ao futuro no nosso país,
Trazia no dote, uma grande esperança.
Lisboa aguardava-a, Maria Pia e D. Luís.
Sua viagem terá tido história curiosa,
Para alguns estará aí o segredo,
Ao chegar à estação da Pampilhosa,
Terá descido com o pé esquerdo.
22 de Maio de 1886 se deu o casamento,
Cerimónia na Igreja de São Domingos,
O povo de Lisboa quis viver o momento,
Como se fossem convidados ou amigos.
Palácio de Belém sua residência oficial,
Ali nasceriam seus três filhos, o herdeiro,
D. Luís Filipe, e o último rei de Portugal,
D. Manuel II, por assassínio do primeiro.
14 Dezembro 1887, D. Maria Ana nasceu,
Em muito má hora se deu tal parto,
Muito poucas horas, a criança viveu.
D. Amélia sentia a morte como um facto.
Outubro de 1889, com somente 24 anos,
Por morte de seu sogro, o Rei D. Luís,
D, Amélia tornava-se rainha dos Lusitanos,
Pois D. Carlos I recebia a coroa do país.
O rei enfrentava graves crises politicas,
1890 é ano do ultimato Britânico,
Por cá continuam as imensas criticas,
O ódio à família real é algo titânico.
1891, Porto, há revolução Republicana,
Que acaba por conseguir ser sufocada.
O Papa Leão XIII dá, à rainha Lusitana,
A “Rosa de Ouro”, valiosa e desejada.
D. Amélia de Orleães, no seu reinado,
Influenciou, e muito, a corte Portuguesa,
O Museu dos Coches foi por si criado
E dedicou grande atenção à pobreza.
A Tuberculose era enorme preocupação,
Criou cozinhas económicas, lactários,
Havia que providenciar da alimentação
E da saúde, criou sanatórios e dispensários.
Muitos criticavam-na, puros invejosos,
De ser beata leviana e gastadora,
Mas a Assistência Nacional aos Tuberculosos
Teve nela, a sua deusa inspiradora.
Cumpriu o papel de mãe e educadora,
Realizou longa viagem no iate real
Mostrando aos filhos civilizações de outrora,
Indo além da educação tradicional.
Mil novecentos e oito, um de Fevereiro,
Vive o grande desgosto da sua vida,
O marido, El-Rei, e o príncipe herdeiro
São assassinados. Sintra lhe dá guarida.
Vivendo num desgosto profundo,
Na tranquilidade do Palácio da Pena,
Nunca deixou de apoiar D. Manuel II
Enquanto este se manteve em cena.
1910, dá-se a revolução Republicana,
D. Amélia vê-se de novo exilada,
Como pode ser trágica a vida humana,
Mesmo que seja de uma cabeça coroada.
Inglaterra o seu destino inicial,
Indo para França após o filho se casar,
Em França enfrenta a guerra Mundial,
Recusando um convite de Salazar.
8 de Junho de 145, guerra terminada,
D. Amélia regressa a solo Português.
Visitando lugares a que estava ligada,
A Vila Viçosa tal visita não fez.
Aos oitenta e seis anos de idade,
25 de Outubro 1951, morre em França.
Satisfazem-lhe sua ultima vontade,
Pousa no Panteão Real dos Bragança.
Funeral com honras de estado,
Lisboa acompanhou-a nesta hora.
O marido e o filho assassinado
Receberam-na em S. Vicente de Fora.
Ignorando todas as dores e reveses
Nunca deixou de amar Portugal:
“Quero bem a todos os portugueses,
mesmo àqueles que me fizeram mal”
Francis Raposo Ferreira